2. Debate, Discussão e Diálogo
Os seres humanos têm vindo a debater, discutir e argumentar desde o início dos tempos. Desde a Agoras aberta da Grécia antiga para as discussões políticas, ao Speaker’s Corner em Londres e aos atuais debates políticos, as discussões e os debates têm tido um papel importante na evolução do pensamento humano. Mas e a uma escala mais pequena, onde se incluem argumentações pessoais, discussões no local de trabalho e em projetos ou debates nas escolas? Os debates e as discussões têm o seu espaço na nossa vida, e cada um tem as suas próprias diferenças.
O debate é combativo e procura ser uma vitória; quer expressar-se e dizer que é melhor que você. Num debate, os participantes estão sempre à procura da próxima oportunidade para introduzir a sua voz no diálogo. É por isso que muitos parecem crianças que simplesmente querem ser ouvidas. No processo, é claro que, na verdade, não estão a ouvir o que os outros dizem. Estão prontos para intervir com o seu ponto de conversa.
Debate
- Competitivo – enfoque no sucesso ou na vitória, demonstrando que a lógica dos outros está “errada”
- Enfoque no “certo” e no “errado” através de evidências
- Procura por fraquezas e falhas na lógica dos outros – crítica às suas posições
- A audição é utilizada para a contra-argumentação
- Enfoque no conflito e nas diferenças como uma vantagem
- Coloca de lado os relacionamentos
- Utiliza o silêncio para ganhar vantagem
A discussão pode ser descrita como um debate que tenta ser simpático. As verdadeiras discussões dependem da substância e de um verdadeiro desejo de aprender. Isto requer humildade, onde ambas as pessoas concordam em deixar os egos de lado em troca de uma edificação. O objetivo é aprender, não ganhar. Diferença entre um debate e uma discussão envolve abertura. Se um ou ambos participantes de uma conversação estão abertos a novas ideias, abre-se um caminho para a discussão. Se ambos acreditam não haver qualquer forma de mudarem os seus pontos de vista, acabará sempre por se transformar num debate.
Discussão
- Conceptual e/ou conversação – apresenta ideias, frequentemente de forma “limpa” ou “sofisticada”
- Visa a partilha de informação – procura manter-se “neutral” nas conclusões
- Procura respostas e soluções
- Dá respostas educadamente
- A audição é utilizada para encontrar pontos de discordância ou para reunir pontos de argumentação racionais
- Evita áreas de grande conflito e diferenças
- Mantém os relacionamentos
- Evita o silêncio
Um diálogo, por outro lado, procura encontrar uma ligação partilhada. Não há a preocupação de ganhar ou perder; ao invés, aspira ouvir com maior profundida, obter maior compreensão, e construir uma perspetiva coletiva. Quando a diversidade de personalidade e opiniões cria momentos de conflito e tensão, entra o diálogo e medeia a conversação para o regresso a um sentido de ligação renovado.
Diálogo
- Colaborativo, em direção a um sentido de entendimento comunitário
- Visa reavaliar e reconhecer pressupostos e preconceitos
- Evidência áreas de ambivalência
- Procura um significado partilhado
- Descobre um significado coletivo; reexamina e destabiliza ideias detidas há muito tempo
- Ouve-se sem julgamentos e com o objetivo de compreender
- Constrói relacionamentos
- Respeita o silêncio
O diálogo e a cultura da empresa
Um excelente local de trabalho fomenta o diálogo e incentiva a diversidade de perspetivas. Afinal, estes são os elementos que conduzem ao crescimento e à inovação. Por outras palavras, o diálogo e a diversidade, a equidade e a inclusão no local de trabalho estão interligadas. Mas, frequentemente, o diálogo é precário nas organizações, muito provavelmente porque se é praticado tão pouco é porque é pouco compreendido.
Quatro princípios do diálogo eficaz no local de trabalho
Vamos explorar alguns dos princípios que tornam o diálogo tão valioso no local de trabalho. Quando um(a) funcionário(a) ou gestor(a) se envolvem num diálogo, existem quatro elementos-chave para o fazer funcionar:
- Suspenda o julgamento
- Ouça
- Questione
- Explore pressupostos
Quando suspendemos o nosso julgamento, silenciamos temporariamente os nossos pensamentos e abrimos na nossa capacidade para nos envolvermos como ouvintes.
Um maior pedido de informação sobre os pontos de vista dos outros ajuda-nos a compreender melhor os nossos colegas e a adotar novas formas de pensar.
Quando exploramos os nossos pressupostos, encontramos ideias não contestadas, preconceitos não verificados e padrões de pensamento que influenciam e possivelmente inibem o nosso envolvimento no local de trabalho. O diálogo é, também, uma tarefa muito desafiante. Ganhar consciência dos pressupostos pessoais é um trabalho difícil.
Obriga-nos a medir a consistência entre as nossas palavras e as nossas ações e a perceber que o seu alinhamento pode não ser tão linear quanto acreditamos ser. Inevitavelmente, a prática do diálogo exige-nos pensar que as nossas opiniões nem sempre estão corretas e que os outros podem ter métodos mais eficazes de abordar as situações. Fazer isto não é nem natural nem catártico, mas o crescimento é muito recompensador.
Fonte: The Difference between Debate, Discussion and Dialogue
https://www.thindifference.com/2016/03/difference-debating-discussing/