2. Conhecimento e spillovers de conhecimento – Partilha de conhecimento intencional e não intencional
No submódulo “7.1 – Capacidade de partilhar conhecimento e ideias dentro da organização – O que é o conhecimento” explorámos o processo de criação de conhecimento, como a socialização é fundamental para o processo de criação de conhecimento através da partilha de conhecimento e ideias e como podemos fomentar a partilha de ideias e conhecimento dentro da nossa organização. Através de todas estas dinâmicas parece existir um propósito intencional de partilha de conhecimento e ideias. Mas o constante fluxo de informação, conhecimento e ideias com o qual vivemos atualmente pode ser, também, partilhado de forma não intencional. O conhecimento pode ser partilhado, também, de forma não intencional. E isto é algo de que devemos ter consciência.
Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/marca-marcador-m%c3%a3o-escrever-1577987/ (photo by Gerd Altman)
A transferência de conhecimento informal ou não intencional entre organizações, também conhecido como spillovers de conhecimento, complementa a partilha de conhecimento através das colaborações formais. Este é um tipo de conhecimento do qual as organizações beneficiam apesar de não investirem nele. Como forma de transferência de conhecimento está altamente relacionado com a proximidade espacial das organizações. A transferência de conhecimento tende a diminuir à medida que a distância aumenta. Com a rápida evolução das tecnologias de informação e comunicação, podemos questionar porquê e como é que a distância física pode ser, na verdade, um obstáculo à transferência de ideias e conhecimento, mas, a investigação mostra que o impacto das tecnologias de comunicação é ainda baixo quando falamos da partilha de conhecimento informal.
Com quem tem contacto e interações com maior frequência? Com pessoas de organizações próximas ou com pessoas de organizações localizadas longe de si?
Mas a distância não é apenas uma questão geográfica. Podemos falar de diferentes tipos de proximidade:
- Social e cultural;
- Relacional;
- Tecnológica;
- Cognitiva
Proximidade social e cultural
A proximidade social e cultural está relacionada com as semelhanças em termos de padrões de comportamentos, afinidade cultural, confiança, sentimento de pertença.
Proximidade relacional
A proximidade relacional está relacionada com a capacidade de cooperação entre territórios e organizações. Se pensar no leque de parceiros externos com que trabalha, como por exemplo fornecedores, o seu nível de proximidade com estes parceiros não está relacionado com a sua proximidade física, mas com as relações que estabeleceu com eles.
Proximidade tecnológica
A proximidade tecnológica está relacionada com as semelhanças entre regiões e organizações em termos de especialização produtiva e a localização de setores produtivos.
Proximidade cognitiva
A proximidade cognitiva está relacionada com as capacidades e competências que pertencem a uma base de conhecimento comum. Pode estar muito relacionada com a capacidade de se “falar” uma linguagem comum, compreendida por todas as partes envolvidas.
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/m%c3%a3os-terra-pr%c3%b3xima-gera%c3%a7%c3%a3o-4091879/ (image by Gerd Altman)
Os diferentes tipos de distância e proximidade podem ter, também, um impacto diferente na capacidade de fomentar a partilha e absorção de conhecimento.
Enquanto as distâncias geográfica e cognitiva têm um grande impacto na capacidade de partilhar e reter conhecimento; as proximidades relacional, tecnológica e social têm um maior impacto na eficácia da disseminação do conhecimento.
É importante, ainda, compreender que também o perfil das regiões onde as organizações estão localizadas tem impacto nos níveis de proximidade. Um exemplo simples é a localização de instituições de ensino superior (IES). Se a sua organização está localizada numa cidade com uma universidade, as oportunidades de interação e partilha de ideias e conhecimento com esta organização serão mais frequentes e consideradas como normais. Se a sua organização está localizada numa cidade sem uma IES próxima, provavelmente, você irá perder oportunidades de se envolver na partilha de ideias e conhecimento com este tipo de organizações.
No âmbito das relações e interações externas da sua organização, bem como de acordo com as diferentes operações e áreas de atividade, você poderá encontrar diferentes tipos de proximidade com diferentes tipos de parceiros – clientes, fornecedores, pares, peritos, concorrentes, etc.
Assim, como pode ver, quando falamos acerca de partilha de conhecimento e ideias, estamos a falar de um grande ecossistema onde tanto a sua organização como os seus colaboradores operam e interagem que representa um vasto leque de oportunidades para a partilha de conhecimento, seja este intencional ou no qual investe, seja não intencional.
Para sermos capazes de partilhar conhecimento e ideias é fundamental utilizar uma LINGUAGEM COMUM.
Para que a partilha e aquisição de conhecimento novo seja eficaz, é necessário compreender o que está a ser partilhado.